Incontinência urinária é a perda involuntária de urina. Para muitas pessoas, incontinência urinária é uma fonte de constrangimento e dificuldade social que é escondida e deixada sem tratamento. Para compreender a incontinência urinária, seria útil compreender o processo da micção. A micção é controlada por nervos e músculos do sistema urinário.
O trato urinário inclui os rins (os quais filtram o sangue e excretam os produtos finais do metabolismo do corpo como urina), os ureteres (tubos que conduzem a urina dos rins à bexiga), a bexiga (o saco que serve como reservatório de urina), a próstata em homens (a glândula envolvida na produção de sêmen) e a uretra (tubo que conecta a bexiga ao exterior do corpo). Quando você não esta urinando, os músculos dos esfíncteres externo e interno da uretra mantém o tubo uretral fechado. Pequenas quantidades de urina são continuamente esvaziadas na bexiga pelos ureteres a cada 10 a 15 segundos. Logo, a urina acumula na bexiga e quando a bexiga está cheia, o cérebro envia sinais para os músculos da bexiga contrair e aqueles da uretra relaxar, permitindo, então, ocorrer a micção.
A incontinência ocorre quando o estoque e o esvaziamento da urina da bexiga não funcionam de uma maneira coordenada. Esta falta de coordenação entre os processos de estoque e esvaziamento é devido a um mau funcionamento dos nervos e músculos da bexiga ou uretra. Em mulheres, a incontinência pode também ser causada por uma perda de suporte da bexiga e uretra.
Incontinência urinária é uma doença mais frequente no sexo feminino e acomete mulheres tanto na quinta ou sexta década de vida quanto mulheres jovens. Atribui-se essa prevalência ao fato de a mulher apresentar, além da uretra, duas falhas naturais na musculatura do assoalho pélvico – o hiato vaginal e o hiato retal -, diferentemente dos homens que apresentam apenas o orifício retal. Isso faz com que a dinâmica da pelve feminina seja mais delicada e os aparelhos esfincterianos bastante diferentes nos dois sexos.
A fragilidade do assoalho pélvico feminino explica por que essa doença atinge mais as mulheres. A musculatura que dá sustentação aos órgãos pélvicos é bastante mais frágil nelas e o aparelho esfincteriano, mais delgado. Além disso, o músculo estriado, que forma um pequeno anel em volta da uretra, é mais fino e adelgaçado nas mulheres e mais espesso e forte nos homens. Consequentemente, as perdas urinárias nos homens adultos estão mais relacionadas a procedimentos cirúrgicos que envolvem a retirada da próstata e o comprometimento da enervação do esfíncter masculino.
Tipos
Numa classificação um pouco simplista, existem três tipos de incontinência urinária. O que mais acomete as mulheres chama-se incontinência urinária de esforço e o sintoma inicial é a perda urinária que ocorre durante aumento da pressão abdominal, quando a pessoa tosse, espirra, penteia o cabelo, movimenta-se, faz exercício físico.
O segundo tipo mais frequente é a incontinência urinária de urgência, mais grave do que a de esforço. É a incontinência que as mulheres apresentam quando, em meio às atividades diárias, abrem uma torneira, por exemplo, e sentem uma vontade súbita e urgente de ir ao banheiro, mas não conseguem chegar ao sanitário a tempo de evitar a perda de urina.
O terceiro é a incontinência mista que associa a incontinência de esforço à incontinência de urgência. Nesse caso também o principal sintoma é a perda urinária pela uretra sem possibilidade de controle.
A incontinência urinária de esforço é uma doença mecânica provocada pela falência da musculatura esfincteriana uretral. Já a de urgência ocorre porque a bexiga se contrai fora de hora e independentemente da vontade da mulher.
Atualmente, a incontinência urinária de urgência é uma doença muito discutida e pesquisada tanto pela classe médica quanto pelos laboratórios farmacêuticos interessados em entender o que chamam de bexiga hiperativa, ou seja, a bexiga que se contrai sem que a pessoa sinta vontade de fazer xixi ou consiga controlar essa vontade.
Diagnóstico
O primeiro passo na avaliação é fazer uma história completa e um exame físico completo. Para a história médica, o médico faz questões detalhadas a respeito dos sintomas que o paciente está sentindo, assim como sobre sua saúde, estilo de vida, história familiar, qualquer problema médico que você possa ter tido e quais medicações você esta tomando. Durante o exame físico, o médico avalia quaisquer problemas abdominais, vaginal (mulher), prostático (homem), neurológico ou retal.
Os exames de laboratório são feitos usualmente no sangue e na urina para checar sinais de infecção ou outras anormalidades. O médico também pode pedir que o paciente faça um “diário miccional” no qual anotará todos os líquidos que você ingerir, sua frequência , quantidade de urina durante determinado período de tempo e se ocorre qualquer sintoma especial. Isto ajudará o médico a determinar a causa da incontinência.
Ainda que existam outros métodos para diagnosticar o problema através de exames de imagem, como ultra-sonografia e urografia excretora (exame radiológico detalhado do trato urinário após a injeção de contraste), que podem ser pedidos para detectar qualquer anormalidade anatômica ou crescimentos anormais nos órgãos do trato urinário.
Além disso, o médico pode solicitar outros exames como a cistoscopia (que permite o médico ver o interior da bexiga e uretra através de um aparelho ótico fino que é introduzido pela uretra) e a avaliação urodinâmica (que avalia como a bexiga estoca e esvazia a urina, como a bexiga e uretra funcionam juntas e a velocidade e força do jato urinário).
Tratamento
Existem muitas opções diferentes disponíveis para tratar a incontinência urinária.
Alguns dos tratamentos disponíveis incluem: medicações (que tratam a incontinência melhorando a função dos nervos ou músculos da bexiga ou uretra), terapia comportamental (algumas mudanças no comportamento e/ou estilo de vida visando à continência), retreinamento vesical (urinar com horário marcado), fisioterapia (exercícios para musculatura pélvica e perineal) e procedimentos cirúrgicos (são usualmente recomendados em casos mais graves de incontinência, são usados para reparar lesões, anormalidades ou mau funcionamento dos músculos ou tecidos do trato urinário).
O paciente incontinente não tem que aceitar a incontinência como um modo de vida, e nem aprender a conviver com ela. Felizmente, a fisioterapia têm demonstrado ótimos resultados, fazendo com que mais da metade dos pacientes possam ser curados e uma grande percentagem apresentem melhoras significativas, dando mais conforto e bem-estar.
O primeiro passo que as pessoas incontinentes deveriam dar em direção a estes objetivos seria admitir que há um problema e o próximo passo seria procurar ajuda para o problema.